
Três filmes produzidos em Mato Grosso foram selecionados para a 8ª edição da Mostra Sesc de Cinema, uma das principais vitrines para o audiovisual independente no país. As obras foram escolhidas entre mais de 2.100 inscrições e fazem parte dos dois panoramas exibidos pela mostra: o nacional, que circulará por todo o país, e o estadual, com exibições em unidades do Sesc no estado.
O curta-metragem “Outro Lugar”, dirigido por Perseu Azul, integra o Panorama Brasil, a principal seleção da mostra, e deve percorrer unidades do Sesc em diversas regiões ao longo de 12 meses. Com elementos de ficção e ciência, o filme leva às telas as paisagens da Chapada dos Guimarães e busca dialogar com o público infantojuvenil ao transformar registros fósseis em uma narrativa de fantasia.
Já os documentários “Afetos – A Tela Mágica”, de Aliana Camargo, e “Mopái Pjuta Ãkakje’y – A Roça e os Alimentos Myky”, codirigido por Jade Rainho e seis cineastas do povo Myky, integram o Panorama Mato Grosso, com exibições previstas em cidades do estado. Este último também foi premiado como Destaque Estadual, o que garantirá seu licenciamento para uso em ações do Sesc.
A Mostra Sesc de Cinema é reconhecida por fomentar o cinema brasileiro independente e promover a diversidade de narrativas produzidas em todas as regiões. Em Mato Grosso, 20 obras foram inscritas nesta edição, número que reflete o fortalecimento da cena audiovisual local.
Cinema com sotaque mato-grossense
Para o diretor Perseu Azul, a seleção de “Outro Lugar” para o circuito nacional representa uma conquista para o cinema feito fora do eixo Rio-São Paulo. “É muito significativo estar no Panorama Brasil, porque o Sesc tem uma capacidade enorme de levar filmes para públicos jovens, especialmente por meio de parcerias com escolas e instituições”, afirma.
O filme, protagonizado por uma atriz mirim da Chapada dos Guimarães, mistura animações e recursos tecnológicos para contar uma história de descoberta e pertencimento. “A gente faz cinema brasileiro, não só mato-grossense. E ser brasileiro é isso: ter muitas formas de falar, de viver, de contar histórias”, completa o diretor.
A pesquisadora e diretora Aliana Camargo também comemora a seleção. “Afetos – A Tela Mágica” parte de sua pesquisa de doutorado e propõe uma reflexão sobre a presença das telas no cotidiano infantil, sem julgamento. “É um documentário sobre o que constitui a cultura digital. Estar na mostra é um reconhecimento do trabalho feito com cuidado e pesquisa”, diz.
Já o documentário codirigido por mulheres indígenas do povo Myky tem como centro a relação com a terra e os alimentos. A produção foi resultado de um projeto de formação audiovisual voltado às mulheres da comunidade e valoriza o olhar ancestral a partir da própria voz indígena.
“Mesmo já tendo circulado em festivais, será muito importante exibir esse filme em Mato Grosso. É uma forma de os não indígenas conhecerem nossa cultura e de garantirmos a preservação dos nossos saberes”, afirma a diretora Kantinuwy Myky.
Para Jade Rainho, a seleção representa a consolidação de um trabalho coletivo. “É uma mostra respeitada e estar ali reforça que o cinema feito por essas mulheres tem força, potência e reverberação”, diz.
As exibições da Mostra Sesc de Cinema ocorrerão ao longo de um ano e serão gratuitas. A agenda completa será divulgada pelo Sesc em cada estado.






















