
Um projeto de pesquisa liderado pela Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) está desenvolvendo técnicas para a produção em larga escala de mudas da bananeira BRS Terra Anã por meio do cultivo in vitro. A tecnologia permite a multiplicação em laboratório de plantas com vigor fisiológico, resistência a doenças e fidelidade genética em relação à matriz, e já começa a beneficiar agricultores familiares de Tangará da Serra e da Baixada Cuiabana.
A proposta é atender, inicialmente, cem propriedades em cada uma dessas regiões, com o fornecimento de mudas produzidas em laboratório e tratadas com bactérias promotoras de crescimento vegetal. Até o momento, 1.300 mudas foram distribuídas sob controle rigoroso a pequenos produtores.
Coordenado pela professora Maurecilne Lemes da Silva Carvalho, da área de Ciências Biológicas da Unemat, o projeto busca preencher uma lacuna importante na bananicultura de Mato Grosso: a dificuldade de acesso dos pequenos agricultores a mudas de qualidade. “A produção de mudas in vitro é consolidada, mas o acesso a essa tecnologia ainda é um gargalo que restringe o crescimento da produção no estado”, afirma a pesquisadora.
A bananeira BRS Terra Anã é uma variedade desenvolvida pela Embrapa, indicada para consumo cozido, frito ou assado. Ela se destaca por seu menor porte e maior resistência a doenças como a Sigatoka-amarela e a murcha de Fusarium, dois dos principais entraves sanitários na cultura da banana.
Além da Unemat, o projeto reúne pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa e da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), com apoio do produtor rural Ismael Biachini, de Sinop, e cooperação técnica com os laboratórios da Empaer, do campus da Unemat Cerrado, e da unidade da Empaer em Várzea Grande.
A pesquisa também integra ações de formação, com bolsas de iniciação científica e apoio a dissertações de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento de Plantas da Unemat. O projeto é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat).
Com a adoção do cultivo in vitro, os pesquisadores esperam fortalecer a sustentabilidade da cadeia da banana no estado, promover a inovação tecnológica no campo e ampliar a autonomia dos agricultores familiares, com ganhos em produtividade e qualidade fitossanitária.