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ARTIGO

Setembro Freire e projeto Sapicuá revigoram a cultura em Cuiabá

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Não tem preço respirar um bocado da literatura e da poesia de Cuiabá nestes últimos meses de 2025. É o alento necessário para o desfecho de um ano marcado por muitos embates políticos polarizados e por contrastes ideológicos – em especial na capital cuiabana – e poucas celebrações da literatura e da cultura escrita.

Portanto, deve-se aplaudir o lançamento, amanhã, do Setembro Freire e do projeto Sapicuá, no Centro Histórico de Cuiabá, às 19h, na sede da CDL. São iniciativas da Casa de Cultura Silva Freire (CSL) e da Entrelinhas Editora alusivas ao Dia do Poeta Mato-grossense, em 20 de setembro, data de nascimento do poeta cuiabano Benedito Sant’Ana da Silva Freire.

Além de festejá-lo, o Setembro Freire estimula o conhecimento da literatura mato-grossense, “constituindo uma oportunidade de experiência estética e existencial marcante, cujas referências são as nossas próprias histórias, territórios e paisagens”, contou à coluna a diretora da CSL, Larissa Silva Freire.

Ela acrescentou que o destaque da edição do Setembro Freire 2025 é o projeto Sapicuá, em parceria com a Entrelinhas, que contribui para “ampliar o acesso ao livro infantil mato-grossense de qualidade e a formação de professores, incentivando a revitalização dos processos de leitura entre crianças das escolas de educação infantil e ensino fundamental – anos iniciais em Cuiabá”.

A editora Maria Teresa Carracedo informou que, inicialmente, o projeto contemplará 12 escolas municipais, com 246 exemplares de seis livros infantis de autores mato-grossenses, acompanhado de material de formação do professor (um livro e encartes) que permitirá o acesso à análise das obras por especialistas em Educação Infantil, e contato com autores e ilustradores.

Cada escola receberá um sapicuá de couro (símbolo do projeto) com o conjunto das obras selecionadas. Maria Teresa recordou que “o sapicuá é um artefato cultural utilizado pelo pantaneiro para transportar alimentos em viagem. Feito de couro ou pano, é utensílio que carrega os víveres, como carne seca e guaraná ralado, que nutrem as pessoas ao longo da viagem”.

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A editora pontuou que a palavra sapicuá sugere a metáfora da viagem, do movimento e da busca. “Assim, tomamos o ato de ler como uma viagem e a relação da criança com o livro como alimento. Ao considerarmos o sapicuá como guardadouro de riquezas que alimentam o ser humano, trazemos, por consequência, a relação da criança com o livro literário como alimento da alma, que nutre pensamentos, imaginação e afetos”.

Seis obras foram escolhidas para o projeto: Bugrinho, que menino é esse? (autora Daniela Freire, ilustrador Marcelo Velasco); Varinhas Mágicas (autora Laís Amicucci Soares Martins, ilustrador Márcio Aurélio Santos); Embaúba (autor Ivens Cuiabano Scaff, ilustradora Ruth Albernaz); Os bichos escrevem (autora Lucinda Persona, ilustrador Zeilton Mattos); Pantanimais (autor Alexandre Azevedo, ilustrador Léo Davi) e Tempo Passarinho (autora e ilustradora Daniela Monteiro).

Quanto ao Setembro Freire, a diretora da CSL destacou que a poesia de Silva Freire, marcada pela defesa da cuiabania, “é sempre o disparador para o evento, que busca ampliar o acesso à literatura e arte, valorizar o patrimônio cultural e fortalecer o vínculo entre leitores, escritores e a comunidade”.

Nesta edição de 2025 sua programação 100% gratuita prevê, entre outras atividades, oficinas de experimentação com o poeta Nicolas Behr, lançamento de Violetas Cuiabanas, livro de Daniela Freire, ilustrado por Daniela Monteiro, além de visitas públicas medidas. O programa Conversas ao Pé do Cajueiro também está agendado, com a apresentação da professora e filósofa Maurília Valderez.

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Sobre a difusão da literatura em Cuiabá e em MT, Larissa Silva Freire disse que “está muito aquém do que deveria”. Ela frisou que, apesar do aumento de editais de fomento, esses são voltados para publicação ou premiação de novas obras, o que deixa leis, “como o Plano Estadual do Livro, que prevê 30% do acervo de livros nas bibliotecas escolares de autores mato-grossenses, sem implementação”.

“O melhor da literatura mato-grossense quase não está chegando nas escolas, como prevê a legislação. Os livros deveriam chegar nas escolas com proposições pedagógicas que possam incentivar os professores a trabalhar com eles”, complementou.

Voltando com a editora Maria Teresa, ela reiterou que esta primeira edição do Projeto Sapicuá de Literatura Mato-grossense oferece aos alunos algumas obras que tratam de temáticas, cenários e questões relacionadas ao universo regional e local, elaboradas a partir dos seus referenciais histórico-culturais.

“O sentimento de pertencimento, o envolvimento, o aprendizado, as experiências com a linguagem, os voos, a imaginação, a criação, são oportunizados de forma ampliada às crianças”, explicou.

Maria Teresa assinalou que “toda a legislação nacional relacionada à Educação determina que um terço do conteúdo a ser ministrado nas escolas seja a partir da realidade regional e local.

Mas que, “infelizmente, essa é uma diretriz não cumprida na maioria das escolas mato-grossenses”.

Sônia Zaramella é jornalista e professora aposentada do curso de Jornalismo da UFMT.

* A opinião do articulista não reflete necessariamente a opinião do PNB Online

Artigo publicado originalmente no Eh Fonte

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