O Banco de Brasília (BRB) concluiu a devolução de R$ 1 bilhão em carteiras de crédito consignado consideradas problemáticas, adquiridas do Banco Master no ano passado. Entre as originadoras dessas carteiras está a Cartos, sociedade de crédito direto que atua em Mato Grosso e é alvo de investigações no estado.
A informação foi revelada pela coluna da Mariana Barbosa do UOL. Segundo a coluna, a operação faz parte de um esforço do BRB para adquirir o Banco Master, mesmo depois do Banco Central negar a operação.
O receio do Banco de Brasília em manter carteiras da Cartos aumentam as suspeitas envolvendo a Capital Consig, empresa do mesmo grupo econômico. A empresa é pivô de um suposto esquema de fraude de crédito consignado em Mato Grosso, que foi denunciado pelo Sindicato dos Servidores da Área Meio (Sinpaig).
Um relatório do Procon de Mato Grosso publicado pelo PNB Online, revelou que 99,54% dos contratos (1.982) da Capital Consig não tinham assinatura válida do consumidor, caracterizando a “completa ausência de comprovação de manifestação de vontade por parte do consumidor”.
Em 91,66% dos casos analisados, o único método de autenticação informado era o CPF do consumidor, que, segundo o relatório, “por ser um dado de conhecimento público, não é considerado um fator de segurança”. O documento é enfático ao afirmar que não havia qualquer evidência de assinatura digital, manuscrita, biométrica ou outro recurso que comprovasse o controle exclusivo do consumidor sobre a contratação.
A investigação mostrou ainda que, em muitos casos, a suposta “assinatura eletrônica” referia-se, na verdade, à assinatura digital da própria Capital Consig, e não do consumidor. Além disso, o relatório apontou que 52,13% dos documentos identificavam a Cartos como credora, mas eram assinados pela Capital Consig.
Outras denúncias realizadas pelo Sinpaig também demonstram que o servidor contraía empréstimo em nome da Cartos, mas a instituição financeira que descontava o pagamento da remuneração era a Capital Consig. Tudo isso foi feito, segundo o sindicato, sem que a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão, chefiada por Basílio Guimarães, tomasse qualquer medida corretiva.
Para se desfazer da carteira da Cartos, o BRB acionou a cláusula de “vício de origem” para devolver os contratos problemáticos ao Master, recebendo em troca uma participação em um fundo imobiliário com terreno na Marginal Pinheiros, em São Paulo. O Banco Central foi comunicado e repassou as informações ao Ministério Público.
A movimentação faz parte de um esforço do BRB para demonstrar diligência perante o regulador, mantendo ainda interesse no banco digital Will Bank, pertencente ao grupo Master.






















