O vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos), pré-candidato ao Governo do Estado, admitiu que deseja ter uma mulher como vice em sua chapa, mas afirmou que ainda não sondou nenhum nome, conforme matéria das jornalistas Cíntia Borges e Vitória Gomes, do site Midianews. A declaração de Otaviano é cheia de dedos, tomando cuidado para que o desejo não expresse uma necessidade pessoal de ter uma mulher como candidata a vice-governadora na sua chapa: “Eu imagino que um desejo meu é esse [ter uma vice mulher]. Mas, por ora, não. É muito antecipado, não tem como antecipar. Essa conversa é lá no tempo da eleição”, afirmou ele na última quinta-feira (06/11).
A companheira política teria como missão segurar a bronca política de Otaviano sobre o episódio de violência doméstica que ele se envolveu em 2021. Ainda que seja um caso já arquivado pela Justiça de Santa Catarina, o peso de uma acusação de agressão contra uma mulher é um desgaste considerável junto ao eleitorado feminino. O passado não cessa de voltar: o vice-governador processou o deputado estadual Júlio Campos (União), em novembro de 2024, cobrando R$ 50 mil de indenização por “ressuscitar” o caso de violência contra a mulher já arquivado pela Justiça.
Uma mulher de vice seguraria a bronca política de Otaviano? Muito difícil, porque a candidata teria que assumir de pronto o desgaste da imagem pública de Otaviano, dando explicações sobre um caso que não envolve a sua participação direta. E porque a companheira de chapa não terá o poder de controlar o debate eleitoral. Independente do arquivamento do caso na justiça catarinense, o episódio de violência doméstica estará no foco da disputa. O senador Wellington Fagundes (PL), também pré-candidato a governador, mandou um recado ao seu rival: “os candidatos a cargos majoritários precisam estar preparados para enfrentar uma devassa na vida pública e pessoal na eleição de 2026”.
O caso de violência doméstica contra a mulher teve repercussão nacional, com uma matéria no programa Fantástico, da Rede Globo: “Exclusivo: ex-mulher do vice-governador de MT relata agressões; Justiça concede medida protetiva. Otaviano Pivetta está sendo acusado de violência contra a ex-mulher. Em entrevista exclusiva ao Fantástico, Viviane Kawamoto detalha as agressões”, destacou a chamada do Fantástico, da Globo.

“Passado limpo, sem mancha no passado”: um imperativo moral
A primeira-dama de Mato Grosso, Virgínia Mendes, deu uma declaração recente que é, politicamente, um tiro no peito de Otaviano Pivetta. Ela afirmou que o candidato precisa ter um “passado limpo, sem mancha no passado” para realmente trabalhar pelo povo. Ela se referiu às mulheres candidatas, mas certamente esse valor moral é uma exigência também aos homens.
“Eu acho que por isso é preciso que mais mulheres sérias com passado limpo se candidatem em Mato Grosso. Precisamos de mulheres sem mancha no passado para poder realmente trabalhar pelo povo”, afirmou publicamente dona Virgínia. Esse imperativo moral vale também para os homens? A não ser que a primeira-dama tenha dois pesos e duas medidas para julgar o passado do vice-governador Otaviano Pivetta.
Fabinho, novamente preterido?
Ao fim e ao cabo. Se o desejo de Otaviano virar realidade, e uma mulher ocupar a vaga de candidata a vice-governadora, o deputado federal Fábio Garcia (União), atual secretário da Casa Civil, será novamente escanteado. Na eleição de prefeito de Cuiabá, em 2024, Fabinho foi preterido pelo deputado estadual Eduardo Botelho como o candidato do governador Mauro Mendes. Fabinho era o candidato do coração de Mendes, mas foi descartado sem dó e piedade. Agora seu nome aparece cotado para ser o candidato a vice-governador do grupo Maurista. Com a necessidade de ter uma mulher para segurar a bronca política de Otaviano, por conta do episódio de violência doméstica, Fabinho mais uma vez será eliminado de um jogo majoritário.






















