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ARTIGO

A cor da pele

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Há sempre algo de bom a fazer em São Paulo. Mais especificamente, há sempre uma boa exposição a ser vista. A primeira visita foi à “Gordon Parks – A América Sou Eu”, fotógrafo e cineasta negro (1912-2006), além de músico, poeta, romancista, jornalista e ativista (um multiartista), no Instituto Moreira Salles. Assim que entrei na sala do sexto andar (a exposição começava no sétimo, mas tudo bem), já me deparei com o trailler de um de seus filmes: The Learning Tree, de 1969, baseado em sua novela autobiográfica de mesmo nome publicada em 1963. A tradução literal é Arvore da Sabedoria, mas a versão para o português ficou “Com o terror na alma”. Maniqueísmo? (É a história de um adolescente negro de 14 anos, que vive no Kansas segregado na década de 1920/1930).

O restante da exposição foi uma aula sobre a luta do negro norte-americano contra o segregacionismo. Pois é, apesar da abolição da escravatura naquelas bandas ter sido em 1865, somente quase um século depois, em 1964, acabou-se o “White Only” e o “Collored Only”. Isto é, “somente brancos” e “somente negros”.

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No Brasil, nunca se usou estas plaquinhas, porque por aqui “o preto conhece o seu lugar”. Esta é frase do personagem Coronel Tibério Vacariano, do romance Incidentes em Antares, de Érico Veríssimo, que aliás virou uma minissérie da Rede Globo.

Mas o preconceito racial era evidente. Na minha infância na Zona da Mata mineira, já na decadência da cafeicultura em Rio Novo, negros não frequentavam clubes de brancos. Havia o “Colar de Pérolas”, exclusivo para eles. Tem mais. Os apelidos de meus amigos, cuja melanina era acentuada, eram tipo Tiziu, Beiçola, 200 (CC em algarismo romano, para lembrá-lo de que tinha “cecê” ou mau cheiro nas axilas) e Azulão, entre outros.

Atualmente não é politicamente correto usar estes apelidos. Mas, em compensação, quando entra num shopping, o segurança ou já o barra na entrada ou fica de olho nele. Ou quando está com algum branco, se abordado pela polícia é o primeiro a ser revistado. Se reagir, não só pode ser levado ao delegado ou leva uns cascudos para aprender a “respeitar” a autoridade.

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Ah! Não dá esquecer do preconceito. Não apenas contra negros mas, e principalmente, contra pessoas pobres. Especialmente das que necessitam de ajuda governamental, como o Bolsa Família, ou das que se utilizam de cotas para conseguir ter acesso à Universidade.

Mudando de assunto. Estive, depois de uns bons anos, novamente no Museu da Língua Portuguesa. Estava lendo sobre o Tratado de Tordesilhas, quando me lembrei de que foi assinado em 1494. Ou seja, seis anos antes do tal do “descobrimento” do Brasil. Ora, se o tratado foi celebrado antes, é impossível que o Brasil tenha sido descoberto. No máximo, foi achado.

Jairo Pitolé Sant’Ana é jornalista

* A opinião do articulista não reflete necessariamente a opinião do PNB Online

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