José Medeiros/GCOM MT
Além do colapso na rede de saúde e da forte crise econômica, a pandemia do coronavírus expôs outros problemas, como a falta de medicamentos e a carência de profissionais como médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e demais trabalhadores da saúde.
Em Mato Grosso, cujo índice de lotação dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) segue acima de 90% desde o fim de junho, o secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo, afirmou que mais 30 leitos de UTI não podem entrar em funcionamento por falta de médicos.
Na corrida contra o tempo, o Governo faz campanha para contratação de médicos, oferece benefícios financeiros para profissionais que atuam na linha de frente, mas ainda assim não há suprimento de profissionais na área.
Uma alternativa foi proposta pelo senador Carlos Fávaro (PSD-MT), que se reuniu com o ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, general Luiz Eduardo Ramos, na tarde desta quarta-feira (15), para tratar da alta demanda por médicos no país.
Autor de uma indicação para que o presidente Jair Bolsonaro edite uma Medida Provisória que possibilite que, diante da situação de urgência, o Instituto Nacional de Educação e Pesquisa (Inep) realize de forma remota as provas de revalidação de diplomas de profissionais formados no exterior, Fávaro destacou que quase 15 mil médicos aguardam a possibilidade de atuar legalmente no país.
Apesar da lei em vigor desde o fim do ano passado que estabelece que as provas de revalidação devem ser feitas semestralmente, o Inep não aplica a prova desde 2017. Com a alta demanda provocada pela pandemia da covid-19, estados e municípios chegaram a entrar na Justiça para contratar profissionais formados no exterior, mesmo sem a certificação brasileira.
“O momento exige união de esforços. Todos temos que trabalhar para enfrentar essa crise na saúde. O governo federal está liberando recursos para que estados e municípios possam comprar equipamentos e medicamentos, mas isso não basta. Para salvar vidas, precisamos de recursos humanos”, ressaltou o senador.
Além da indicação, Fávaro solicitou à Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), cujo processo próprio de revalidação de diploma de médico formado no exterior encontra-se em fase bastante adiantada, que o conclua.
Somente neste processo, 1021 médicos que passaram por mais de 2 mil horas de atividades práticas em hospitais brasileiros, portanto, já ambientados aos protocolos nacionais, e avaliados em 15 provas práticas e teóricas, aguardam apenas uma avaliação para terem seus diplomas revalidados, se inscreverem nos respectivos conselhos regionais de medicina e atuarem legalmente.