Pesquisar
Close this search box.
ARTIGO

A educação que floresce quando aprendemos a compartilhar

Publicidade

A gratidão sempre ocupou um lugar simbólico na educação, mas ganha sentido verdadeiro quando se traduz em ação. Ensinar uma criança a agradecer é importante; ensiná-la a transformar essa gratidão em gesto solidário é formá-la para a vida em comunidade. Nas escolas que participam do Programa de Escolas Associadas da Unesco, do qual faço parte, esse entendimento não é circunstancial: é um princípio estruturante.

Ao longo das últimas décadas, a Unesco reafirma que a educação deve preparar os estudantes para viverem com autonomia, respeito, paz e senso coletivo. Esses valores se concretizam quando a escola cria situações em que o aluno não apenas aprende sobre solidariedade, mas a vivencia de forma intencional. Uma campanha de arrecadação, de brinquedos, roupas ou sapatos, não se inicia quando as caixas são colocadas na recepção; ela começa em sala de aula, na conversa franca sobre desigualdade e oportunidades e nos questionamentos que levam a reflexão : Por que compartilhamos? O que significa ajudar? Como nossas escolhas afetam o outro?

É nesse diálogo que a prática se sustenta. Quando as crianças compreendem que doar não é esvaziar um armário, mas reconhecer alguém que talvez nunca tenham visto, um outro que sente, precisa e espera, elas começam a perceber a sociedade como uma rede na qual todos somos parte responsável. Esse entendimento é essencial para que cresçam com senso de pertencimento, empatia e discernimento, competências humanas que nenhuma tecnologia substitui.

Leia Também:  Mulheres fortes, negócios fortes

Ao mesmo tempo, é preciso ensinar que a contribuição não se limita ao objeto entregue. A solidariedade também se expressa na palavra que acolhe, na disponibilidade de tempo, no gesto de presença. Esse repertório simbólico amplia a noção de ajuda e torna o processo educativo mais completo. A criança aprende que, ao agir, ela interfere no mundo, e essa percepção fortalece sua autoestima, sua autonomia e sua capacidade de construir trajetórias com propósito.

Quando a campanha termina e os itens são encaminhados às famílias, o trabalho pedagógico não se encerra. O impacto mais profundo permanece dentro da própria escola, no modo como os alunos passam a se enxergar como agentes de transformação.

A educação, afinal, não se faz apenas com conteúdos, mas com experiências que mobilizam o afeto, a ética e a responsabilidade. É assim que o ato de doar, tão simples à primeira vista, se converte em ferramenta poderosa de formação humana.

Márcia Amorim Pedr’Angelo é psicopedagoga, fundadora das escolas Toque de Mãe e Unicus, e coordenadora da Unesco para a Educação em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul

Leia Também:  COP30: uma reflexão necessária

* A opinião do articulista não reflete necessariamente a opinião do PNB Online

COMENTE ABAIXO:

Compartilhe essa Notícia

Publicidade

Publicidade

Publicidade

NADA PESSOAL

Nada Pessoal com o Deputado Estadual Wilson Santos

Informe Publicitário

Informe Publicitário

Informe Publicitário

Informe Publicitário

Publicidade

NADA PESSOAL

Nada Pessoal com Valdinei Mauro de Souza