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ARTIGO

Alimentação saudável: um prato cheio para as empresas

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A obesidade no Brasil deixou de ser apenas uma questão individual e se tornou um desafio nacional, com impactos diretos na saúde, economia e na produtividade. O ambiente corporativo, onde dezenas de milhões de brasileiros realizam grande parte de suas refeições diárias, desempenha um papel decisivo nesse cenário. Ao reconhecer a influência que tem sobre hábitos alimentares, as empresas podem se tornar protagonistas na promoção de saúde, contribuindo para prevenir os efeitos da adipose e fortalecer o bem-estar e a eficiência da força de trabalho no país.

O Vigitel, pesquisa do Ministério da Saúde, mostra que nas capitais brasileiras, mais de 61% da população já está acima do peso, elevando o número de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs). Segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer), pelo menos 13 tipos de câncer têm grande relação com a obesidade e a alimentação inadequada, e mais de 15 mil casos poderiam ser evitados todos os anos se o excesso de peso fosse reduzido, de acordo com estudos do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), realizado em colaboração com a Universidade de Harvard, dos Estados Unidos.

Os dados acima se traduzem em perdas sociais inestimáveis, mas também em financeiras de grandes proporções. O impacto das comorbidades recai sobre os sistemas público e privado de saúde, com aumento de internações e custos médicos, assim como também sobre as empresas, que sofrem com queda de produtividade, maior número de afastamentos, clima organizacional fragilizado e custos mais elevados com assistência médica aos colaboradores.

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Diante desse cenário, uma questão fundamental é levantada. Qual é a responsabilidade das organizações privadas na alimentação dos colaboradores? Para 37,1 milhões de brasileiros (dados da Associação Brasileira de Refeições Coletivas – ABERC), o ambiente de trabalho é o principal espaço de alimentação. A jornada de oito horas representa uma ou duas das refeições feitas dentro das organizações ou em seu entorno. Quando esse ambiente oferece mais opções ultraprocessadas (produtos alimentícios com significativa adição de sódio, açúcares e aditivos químicos), com alto teor calórico e baixo valor nutricional, reforça-se um ciclo que agrava o problema da obesidade e compromete a saúde da população economicamente ativa.

O custo social e financeiro de não agir é muito superior ao investimento necessário para melhorar a qualidade das refeições corporativas. Entre 2010 e 2024, foram mais de 45 mil mortes atribuídas à obesidade em adultos. Para as organizações privadas, isso se traduz em planos de saúde mais caros, licenças médicas mais frequentes, aposentadorias precoces e queda de rendimento. Empresas que negligenciam a saúde alimentar de seus funcionários não apenas contribuem para o agravamento de um problema coletivo, mas também aumentam seus próprios passivos.

Não se pede às empresas que imponham a pessoas adultas o que devem ou não comer, assim como é fato que a satisfação com a alimentação interfere diretamente no humor da organização, podendo gerar grande contentamento ou até uma crise. A situação é desafiadora, mas a prática mostra que as áreas de Recursos Humanos têm qualificação para enfrentá-la. Nas empresas que assumiram o papel de agentes transformadores, implementando a educação alimentar, os resultados apareceram rapidamente.

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Cardápios balanceados seguindo o Guia Alimentar da População Brasileira em refeitórios, com mais frutas, vegetais, grãos integrais, proteínas magras, e sem ultraprocessados como salsicha, presunto, margarina e refrigerantes, impactam diretamente o desempenho das equipes. A oferta de escolhas equilibradas reduz a fadiga, melhora a concentração e eleva a produtividade. Estudos internacionais da Organização Mundial da Saúde mostram que a adoção de hábitos alimentares mais saudáveis pode elevar em até 20% a performance no trabalho. Esse é um retorno expressivo para qualquer empresa que busca eficiência.

Somente ao enxergar que a obesidade não é apenas um tema médico, mas um desafio estratégico para o Brasil no qual os principais atores – governos, empresas, e organizações da sociedade civil – devem se unir, é que será revertida a tendência atual de sobrecarga do sistema de saúde.

É hora de reconhecer que boa alimentação não é luxo, mas infraestrutura de competitividade. Por isso, assegurar alimentação saudável no ambiente de trabalho é assumir responsabilidade social, mas também é garantir resultados econômicos concretos. Isso é visão do futuro e, se quisermos um país mais produtivo, saudável e justo, precisamos cuidar do prato dos trabalhadores. E esse prato, em grande parte, é servido pelas próprias empresas.

Almir Ribeiro Neto é presidente da Associação Brasileira para Promoção da Alimentação Saudável e Sustentável (Abpass).

* A opinião do articulista não reflete necessariamente a opinião do PNB Online

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