O avanço da crise climática tem alterado não só o clima, mas também a forma como os pequenos negócios se estruturam no país. Em Mato Grosso, o Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS), braço do Sebrae/MT criado em 2010, vem observando uma mudança de perfil entre empreendedores que o procuram. Se antes o interesse era conhecer tecnologias sustentáveis instaladas no prédio, hoje a busca é por soluções para reduzir o impacto ambiental das empresas.

“Há alguns anos o papel do CSS era inspirar, mostrar o que era possível. Agora, os empreendedores nos procuram querendo saber como podem se adaptar à crise climática e o que isso significa para o negócio deles”, afirma Tássia Gonçalves, gerente do centro, que participa da COP30, em Belém (PA).
O CSS foi construído com tecnologias consideradas inovadoras à época, como painéis solares, sistema de reuso de água da chuva e composteira orgânica. A proposta era que os visitantes, donos de pequenos negócios, observassem na prática o funcionamento dessas soluções e percebessem o que poderiam aplicar em seus próprios empreendimentos.
Quinze anos depois, o foco é outro: formar empresários que já nasçam sustentáveis. Uma das ações apresentadas na COP30 é o curso de Empreendedorismo Climático, voltado a quem deseja planejar empresas com práticas ambientais desde a concepção. “Queremos que a sustentabilidade esteja internalizada desde o momento em que a pessoa decide abrir um negócio. Que ela pense na embalagem, na matéria-prima, na forma de descarte, antes mesmo de abrir as portas”, explica Gonçalves.
O centro também prepara o lançamento de um MBA em Sustentabilidade e ESG, em parceria com o Sebrae de São Paulo, além de uma pesquisa nacional sobre os impactos das mudanças climáticas nos pequenos negócios. O levantamento deve indicar como micro e pequenas empresas estão percebendo e reagindo a eventos extremos, como estiagens e enchentes.
Segundo Tássia, a procura por orientações ligadas à crise climática cresceu em setores diversos, do agronegócio ao comércio urbano. “Um exemplo são os pet shops. Muitos querem entender como reduzir o consumo de água nas áreas de banho e tosa. É um movimento novo, mas que mostra que a agenda climática já chegou aos pequenos negócios”.
Na COP30, o CSS quer mostrar que o tema não é exclusivo de grandes corporações. “Os micro e pequenos negócios respondem por 95% das empresas do país. Se não trouxermos essa camada da economia para a discussão sobre descarbonização e resiliência, não teremos uma transição justa”, diz a gerente.
Em seu aniversário de 15 anos, o centro quer se consolidar como uma ponte entre a ciência, o setor produtivo e as políticas públicas. “O desafio agora é transformar o que já aprendemos sobre sustentabilidade em prática de negócio, em modelo econômico e em oportunidade de inovação”, conclui Tássia.























