Em tempos de crise climática e crescente desconexão com a nossa natureza, origens e verdadeira essência, a psicopedagogia emerge como poderosa aliada na formação da consciência ambiental infantil. Quando uma criança planta uma muda, observa o voo de uma borboleta, escuta o canto das aves, ela vivencia experiências naturais de empatia, responsabilidade e encantamento, bases primordiais para gerar conhecimento e permitir que a autêntica aprendizagem aconteça.
Mas, antes de educar as crianças em relação ao meio ambiente, é preciso educar sobre o vínculo, além de compreender como se dá o processo de aprendizagem, a forma de se relacionar com o mundo e, principalmente, como se constrói sentido e pertencimento nesse processo.
Todos nós temos a necessidade de conexão. Um bebê, por exemplo, desenvolve-se através dos vínculos, caso contrário, ele não sobrevive. De forma análoga, podemos associar essa questão a uma semente: dentro dela há um pequeno ecossistema contendo tudo o que sustentará a planta ao germinar. Ela carrega essa essência pura, armazenada de forma latente, aguardando as condições favoráveis para seu desenvolvimento.
A criança aprende a se relacionar com o planeta da mesma forma que vê os adultos se relacionando. O grande desafio, porém, é que muitas vezes este, ensina sobre o cuidado com o planeta de forma dissociada da própria prática. O adulto cobra atitudes sustentáveis, mas vive desconectado do que prega.
É neste sentido que o psicopedagogo deve agir como um jardineiro das relações humanas. São esses os profissionais responsáveis por criar ambientes de aprendizagens que despertam a curiosidade e o senso de pertencimento, preparam o campo emocional, regam com escuta e paciência, removem os bloqueios que impedem o crescimento e celebram cada broto de descoberta.
A consciência ambiental nasce onde o afeto encontra o conhecimento. Surge do reconhecimento de que todo aprendizado verdadeiro começa na relação: consigo mesmo, com o outro, com os outros e com o planeta.
A psicopedagogia se assemelha à própria natureza: seguindo ritmos orgânicos, com respeito ao tempo de germinação e a diversidade de cada espécie, acreditando que cada ser floresce à sua maneira. Assim como o solo precisa ser fértil para acolher a semente, a mente da criança precisa de vínculos seguros, curiosidade e afeto para que o aprendizado floresça. Nesse processo, aprender torna-se um ato de regeneração.
Cultivar os processos de aprendizagens em contato com a natureza fortalece o solo para que as crianças possam polinizar, com autenticidade e liberdade, as coloridas flores desse lindo jardim chamado: VIDA!
Paula Mazzola é psicopedagoga pela PUC-SP, pós-graduada em Educação para a Sustentabilidade e Regeneração, especialista em Liderança ecossistêmica e autora da trilogia “Atequenfim”



























