A diretora Samantha Col Debella define-se antes de tudo como contadora de histórias. “Desde pequena eu gosto de contar histórias”, diz. No cinema, encontrou uma forma coletiva e potente de materializar essas narrativas. “O mais fascinante é que, no final, a história fica muito melhor do que aquela que estava na sua cabeça, porque tem outras pessoas junto com você no processo”.
Ela é a convidada do episódio desta terça-feira (27.05) do podcast de construção científica Arte, Cinema e Luz Natural apresentado pela iluminadora e pesquisadora Priscila Freitas, estudante do programa de Pós-Graduação em Estudos de Cultura Contemporânea (PPGECCO) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Todos os episódios estão disponíveis no canal do Youtube do PNB Online.
Durante o bate-papo, Col Debella destaca que considera que o mais importante para quem trabalha com audiovisual é ter repertório, o que vai muito além da técnica. “Repertório é consumir arte, ler, assistir filmes, séries, conversar com outras pessoas, entender a cultura do lugar onde você vive, as tradições. É observar. É com isso que a gente constrói a verossimilhança de um diálogo, por exemplo”, afirma. “A gente vai colocando tudo isso em gavetinhas mentais que, na hora de criar, vamos abrindo”.
Perguntada sobre como é ser diretora em Cuiabá, Samantha responde sem rodeios: é difícil. “Fazer arte no Brasil já é difícil. Fazer cinema é ainda mais, porque exige muito recurso”. Ela aponta que o maior entrave está na dificuldade de captar dinheiro, tanto do poder público quanto da iniciativa privada. “Tudo que não é tangível é mais difícil de vender. É difícil convencer uma empresa a investir numa ideia”.
Apesar das dificuldades, Samantha acredita que houve avanços. “Hoje a gente tem equipes profissionais em Mato Grosso. Quando comecei, há mais de 20 anos, isso era uma possibilidade muito remota. Quem queria fazer cinema saía daqui”. Ela credita parte dessa mudança ao curso de cinema da UFMT e aos editais que têm sido lançados. “Estamos melhor do que já estivemos, mas ainda é muito difícil”.
Ela explica que a dificuldade não termina na produção. “Distribuir também é difícil. Como vou competir com a Marvel? A sala de cinema vai onde tem público. É um processo complexo. Mas eu sou otimista”.
A luz de Mato Grosso
O foco do podcast é a luz, especialmente a luz natural nos biomas de Mato Grosso, e Samantha também comentou sobre o assunto durante a entrevista. “A luz daqui é uma coisa incrível. Acho que temos um dos céus mais bonitos do Brasil, senão do mundo. É um volume de luz natural intenso, muito característico”.
Ela diz que essa condição climática facilita o planejamento das filmagens. “Do ponto de vista da direção e da escrita, é até mais tranquilo. A gente sabe que o sol vai estar lá. É muito raro ter um dia nublado aqui”. Em comparação com outras regiões do país, especialmente o Sul e o Sudeste, onde as chuvas são mais frequentes e imprevisíveis, ela vê uma vantagem clara. “Aqui as chuvas são mais pontuais, mais escassas”.
Confira abaixo o episódio completo e conheça mais sobre a pesquisa da doutoranda Priscila Freitas:























