Na eleição de 2022, o governador Mauro Mendes “fritou” a candidatura ao Senado do então deputado federal Neri Geller. Com frieza e cálculo de engenheiro político, Mendes empurrou Neri com a barriga até a hora das convenções para jogá-lo fora da sua chapa. A engenharia da traição é um método que agora pode ser aplicado a outro candidato apaixonado pelo apoio de Mauro Mendes: o deputado federal José Medeiros. A paixão é cega, inclusive na política. Ele pode ser o novo Neri Geller? Essa é a pergunta que não quer calar nos bastidores da disputa para 2026.
O governador celebrou recentemente o apoio do líder da extrema direita bolsonarista, o ex-presidente Jair Bolsonaro. O cálculo do engenheiro Mendes: toma o controle do PL; garante os votos dos bolsonaristas raiz e conta com o apoio dos prefeitos bolsonaristas que comandam cidades polo. Definitivamente, Mauro não morre de amores por Medeiros, a quem já chamou de “cabeça de merda”.
Do Buraco da Memória. O termo “cabeça de merda” usado por Mauro para se referir a Medeiros foi registrado pelo jornalista Jacques Gosch, em 16 de abril de 2021, no site RD News. O governador classificou Medeiros como um “político de merda”. O deputado bolsonarista seria integrante do grupo que Mauro Mendes classificou de “bestas do apocalipse”.
Mas Medeiros e Mauro Mendes não trabalham pela composição para as eleições de 2026, ambos contando com o apoio de Jair Bolsonaro para a disputa ao Senado em Mato Grosso? Sim, este é o hoje, que não garante o amanhã de Medeiros como companheiro de Mendes. Entre a intenção e gesto existe um abismo de interesses pessoais e políticos.
A parceria é um acordo estratégico para o PL, com Bolsonaro apoiando as candidaturas ao Senado. O líder da extrema direita quer o compromisso público dos candidatos a senador de apoiar o impeachment do ministro do STF, Alexandre de Moraes. O PL por sua vez estaria focado na indicação do candidato ao governo.
Já ficou claro que o nome preferido de boa parte das lideranças bolsonaristas em Mato Grosso como candidato a governador é o do vice-governador Otaviano Pivetta. O senador Wellington Fagundes, “companheiro” do PL, está sendo fritado diariamente. A operação destruição da candidatura Wellington é comandada pelo prefeito de Cuiabá Abilio Brunini. O prefeito trabalha 24 horas por dia fazendo vídeos e articulando nos bastidores a candidatura de Otaviano.
Outro candidato a novo Neri Geller é o senador Jayme Campos, “companheiro” de Mauro no União. Ele também está sentado esperando que Mauro Mendes coloque a mão na sua cabeça para que seja escolhido o companheiro de chapa, na dobradinha de candidatos ao Senado.
Coisas da política: Neri Geller, quem diria, hoje está de volta ao cenário eleitoral aproximando-se de Mauro Mendes e Otaviano Pivetta, seus algozes do passado. Certas coisas nunca mudam.