O Conselho Regional de Odontologia de Mato Grosso (CRO-MT) promoveu nesta quarta-feira (16.04) a segunda etapa de um projeto de qualificação de profissionais da odontologia no acolhimento de pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O encontro reuniu especialistas em saúde, odontologia e representantes de entidades ligadas ao autismo para discutir práticas de atendimento humanizado e compartilhamento de experiências.
Realizado em Cuiabá, o evento faz parte de uma série de ações do CRO-MT voltadas à formação de dentistas com foco não apenas técnico, mas também no acolhimento de pacientes com TEA e suas famílias. A primeira-dama da capital, Samantha Iris (PL), mãe de uma criança atípica, participou da roda de conversa e relatou sua vivência com o filho Sebastian, de 4 anos.
“A proposta é mostrar que é possível adaptar o consultório e a abordagem clínica às necessidades dos pacientes com autismo, ao invés de exigir que eles se adaptem ao ambiente odontológico tradicional”, disse a cirurgiã-dentista Cibele Rodrigues, uma das palestrantes. Ela atua no Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2004 e é referência no atendimento a pessoas com necessidades especiais em Primavera do Leste (a 243 km de Cuiabá), onde coordena a saúde bucal especializada do município.
Segundo Cibele, o medo e a insegurança dos profissionais são barreiras frequentes no atendimento odontológico a pessoas com autismo. “Muitos colegas evitam esse tipo de atendimento por falta de preparo. Nosso objetivo aqui é justamente desmistificar isso, mostrar que é possível desenvolver habilidades e oferecer um atendimento digno e eficaz dentro da própria unidade de saúde”, afirmou.
Também presente no evento, o servidor estadual José de Figueiredo Loureiro Júnior representou a Coordenadoria de Saúde Bucal e destacou a importância do Centro de Especialidades Odontológicas (CEO) estadual como referência no atendimento a pessoas com deficiência, como o TEA. O centro, que atende 142 municípios, possui cinco cadeiras odontológicas e realiza atendimentos em dois períodos.
“Eventos como este são fundamentais para capacitar os profissionais e mostrar que o atendimento a pacientes com TEA não é impossível. É desafiador, sim, mas com preparo e empatia, é plenamente viável”, afirmou Figueiredo.
A iniciativa integra as ações do Abril Azul, campanha de conscientização sobre o autismo realizada ao longo do mês, e dá continuidade a uma primeira etapa focada no atendimento digital por meio da telessaúde. Nesta nova fase, o projeto prioriza experiências práticas e o contato direto com os desafios do atendimento presencial.
