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Há sempre um dia …

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Tinha 10 anos de idade, cursava a quarta série primária e morava a 50 km de Juiz de Fora, de onde partiu a tropa do General Olímpio Mourão, em direção ao Rio de Janeiro, para atender aos clamores da “Marcha da Família com Deus pela Liberdade” e “acabar com a ameaça comunista”, que, diziam, pairava sobre o Brasil. Era final de março/início de abril de 1964. Não só deram cabo da ameaça como, de quebra, sumiram com a democracia por 21 anos.

Cismaram que a sociedade brasileira não estava preparada para votar, especialmente para presidente da República e governadores. Só podia escolher os vereadores e prefeitos de suas cidades (exceto das capitais e das consideradas de segurança nacional), deputados estaduais, federais e senadores. Mas sem exagero. Se houvesse algum risco de perda da maioria no parlamento, as regras eram mudadas a bel prazer. Restringiu-se o número de partidos para apenas dois: a Arena (Aliança Renovadora Nacional), de situação; e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), de oposição. Cassaram 173 deputados federais e oito senadores. Chegaram a criar, em 1977, o “senador biônico” (em alusão à série de TV “O Homem de Seis Milhões de Dólares”), indicado pelo ditador de plantão.

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(Ah! Só fui votar para presidente da República em 1989, embora tivesse apto a exercer esse direito desde o final de 1971, quando completei 18 anos)

Outra ferramenta bastante usada para evitar a propagação de ideologias ditas “exóticas”, especialmente a cultura hippie, os protestos culturais e notícias desabonadoras ao regime, foi a censura. Todas as músicas, peças teatrais, novelas de televisão, filmes, romances, poemas e notícias tinham de passar pelo crivo dos censores antes de atingir o público. Para difundir o medo, chegaram a criar a expressão “Ame-o ou Deixe-o”, encheram as cadeias, torturaram quase duas mil pessoas, mataram ou desapareceram com algumas centenas e exilaram cerca de 10 mil. Sem contar o arrocho salarial imposto aos trabalhadores, sustentado pela falsificação dos dados inflacionários.

Contudo, um dia (há sempre um dia) o tempo de validade deles venceu e a democracia foi restaurada. Bem ou mal, o brasileiro voltou a escolher livremente seus representantes. Ainda se registraram algumas desavenças no período do voto impresso, com acusações de fraudes (em 1994, por exemplo, o TRE-RJ chegou a anular as eleições para deputados federais e estaduais). De qualquer forma, houve mais civilidade. Os vencedores passaram a tomar posse e os vencidos a fazer oposição (ou se aliar ao vencedor, nada impede). Com as urnas eletrônicas, implantadas paulatinamente a partir de 1996, as acusações de fraude sumiram.

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Voltaram há cerca de seis ou sete anos, de forma insistente, por meio de fake News de quem governaria o país entre 2019 e 2022. Virava e mexia, o então presidente batia nesta tecla, como água mole em pedra dura. O motivo era claro, queria se perpetuar no poder. Agora está sendo condenado por isso. Por goleada: 4×1.

Jairo Pitolé Sant’Ana é jornalista

* A opinião do articulista não reflete necessariamente a opinião do PNB Online

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