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ARTIGO

Incluir é mais do que aceitar: é transformar o mundo para todas as estaturas

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Falar sobre inclusão parece, atualmente, quase um lugar comum. Estamos cercados de discursos sobre diversidade, campanhas com pessoas de corpos diferentes e promessas de acessibilidade. No entanto, quando o tema é o nanismo, a realidade ainda está distante dessa promessa. O que predomina é a invisibilidade, a exclusão e a constante necessidade de provar que pertencemos.

Pessoas com nanismo, como eu, crescem em um mundo que não foi feito para os nossos corpos, e não falo só de arquitetura ou transporte público. A exclusão é estrutural, emocional e simbólica. Começa na infância, quando somos alvos fáceis do bullying, e se arrasta pela vida adulta, nos olhares de estranhamento, na infantilização a que somos sujeitos e na ausência de representações autênticas na mídia. É difícil falar de inclusão quando sequer somos lembrados nas conversas sobre pessoas com deficiência. É mais difícil ainda quando a nossa condição é reduzida a uma limitação física, sem considerar os impactos sociais e psicológicos que o preconceito provoca. Inclusão, para pessoas com nanismo, não pode ser limitada à acessibilidade mínima. Precisa ser um compromisso coletivo com a mudança de mentalidade.

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Ser incluído não é apenas estar presente, é ser considerado, respeitado e compreendido. É ter acesso à educação sem ser alvo de piadas. É ocupar o mercado de trabalho sem ter que se adaptar sozinha ao ambiente. É ser vista como adulta, uma pessoa capaz, e não como alguém frágil ou caricatural.

O mundo ainda espera que a pessoa com nanismo se adapte a ele. Mas a verdadeira inclusão é o oposto disso: é o mundo que deve reorganizar-se para acolher todos os corpos e subjetividades. Isso implica rever políticas públicas, repensar o design urbano e arquitetônico e, acima de tudo, investir em educação — para o respeito, para a empatia e para a escuta. Estamos falando de vidas. De crianças que, ainda muito pequenas, aprendem que são tratadas como “diferentes demais” para brincar. De jovens que evitam sair de casa por medo do julgamento. De adultos que enfrentam diariamente o desafio de afirmar seu lugar no mundo.

O que chamamos de inclusão não pode ser estético ou superficial. Precisa ser profundo, real e cotidiano. Precisamos parar de tratar o diferente como exceção. Porque, afinal, somos muitos e queremos o mesmo que todo mundo: viver com dignidade.

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Rebeca Costa é advogada, influenciadora, palestrante e mulher que vive com a acondroplasia, a forma mais comum de nanismo.

* A opinião do articulista não reflete necessariamente a opinião do PNB Online

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