Planejado e iniciado na década de 80, o Hospital Central de Cuiabá deve ser concluído e começar a funcionar este ano, após quatro décadas. A obra está 98% pronta e a previsão do Governo do Estado é de que em setembro o hospital estará apto a receber pacientes. Para isso, a Assembleia Legislativa aprovou e o governador Mauro Mendes sancionou, na quarta-feira (16.04), a lei que autoriza o Hospital Israelita Albert Einstein a gerir essa nova unidade de saúde.
Nesta quinta-feira, o TBT do PNB resgata reportagens da década de 80 que mostram a expectativa para os inícios das obras do Hospital Central, ainda no Governo Júlio Campos, e a frustração pelo atraso no projeto. Atraso que durou 34 anos para que as obras fossem retomadas e 40 anos para a conclusão do prédio.
A “pedra fundamental” da obra foi lançada em 1983 e a previsão era de que a construção começaria no ano seguinte. Em edição do jornal O Dia de 09 de fevereiro de 1984, uma reportagem dizia que as obras não começaram por falta de recursos.
“As obras de construção do Hospital Central, na Avenida Rubens de Mendonça, não foram ainda iniciadas simplesmente por falta de recursos financeiros. Os trabalhos deveriam começar em janeiro passado, mas como o dinheiro esperado ainda não foi liberado, o início da construção teve que ser retardado, conforme informou o presidente da Companhia de Desenvolvimento do Estado de Mato Grosso, arquiteto Gustavo de Arruda”, diz a reportagem.

No dia 06 de abril de 1984, o jornal O Dia trazia uma nova reportagem sobre os atrasos com o título “Hospital Central: obras sem previsão para iniciar”. O texto também apontava a falta de recursos financeiros para a construção.
“Ainda não há data definida para o início da implantação da primeira etapa das obras de construção do Hospital Central, à Avenida Rubens de Mendonça, ao lado do Quartel da 13ª Brigada de Infantaria Motorizada. Em princípio, a construção deveria ter início em janeiro, mas veio sendo retardada por problemas financeiros, o que ocorre até agora, pois o seu projeto ainda não foi concluído”.
No dia 10 de maio de 1984, o secretário de Saúde de Mato Grosso, o médico Gabriel Novis Neves, reuniu a imprensa para apresentar o projeto do Hospital Central, incluindo uma maquete do prédio. A promessa era que as obras de preparação do terreno começariam em 15 dias.
Reportagem publicada no jornal O Dia no dia 11 de maio daquele ano trazia entrevistas com os arquitetos Antônio Carlos Candia e Bras dos Santos, responsáveis pelo projeto do hospital. Eles explicavam que não houve “atraso” mas sim uma adequação da proposta da unidade de saúde, por determinação do governador Júlio Campos.

“Foi realizado um projeto cujo enfoque era a prestação de um sistema de atenção de 2º nível. Entretanto, o governo, preocupado em proporcionar um atendimento médico-hospitalar de alto nível, determinou que o projeto fosse ajustado para um sistema de atenção de 3º nível, visando o preenchimento de lacunas existentes em Mato Grosso, que ainda não dispõe de um hospital objetivo para tratamento de casos considerados delicados”, diz um trecho da reportagem. A nova previsão era de que as obras físicas começariam no mês de agosto de 1984.
Um trecho da reportagem tratava dos custos da obra. Na verdade, tentou tratar, já que não houve resposta por parte dos arquitetos sobre esse questionamento. “Na oportunidade, questionados sobre o custo da obra, enfatizaram que ‘o governo não está preocupado com o custo, mas sim com o interior do hospital’. Ainda assim não se tem um montante sobre o valor real da obra”.
Na época, o governador Júlio Campos deu declarações sobre a mudança no projeto. Ele ressaltou que a finalidade do Hospital Central era evitar que pacientes com doenças mais graves precisassem deixar o Estado para buscar tratamento médico.
“Teríamos no interior de Mato Grosso, vários pequenos hospitais e postos de saúde e, na capital, um Hospital Central com 150 leitos, cujos recursos estimados em torno de Cr$ 10 bilhões serão financiados pela Caixa Econômica Federal”, disse o então governador. Os 150 leitos seriam da primeira etapa do hospital. Ao final, a previsão era de que o Hospital Central teria 450 leitos.

Em novembro de 1984, nova reportagem dizia que “Obras do Hospital Central terão início neste mês”. A promessa era de que a licitação ocorreria nos próximos dias e que as obras seriam executadas em 18 meses.
Edição do jornal O Estado de Mato Grosso de 02 de fevereiro de 1985 trouxe a publicação do edital da concorrência pública nº 01-85 para a construção da primeira etapa do hospital. O texto dizia que o capital exigido para a participação na concorrência pública era de Cr$ 1,8 bilhão e que as propostas deveriam ser entregues no dia 1º de março de 1985 na Sala de Licitações do Departamento de Obras Públicas. A ordem de serviço foi dada no dia 15 de março de 1985 e as obras começaram no dia 27 de março daquele ano.
Em 21 de junho de 1985, o secretário de Obras e Serviços Públicos de Mato Grosso, Ricardo Corrêa, informou que a obra estava orçada em Cr$ 46,3 bilhões com recursos do Governo do Estado e Caixa Econômica Federal.

Em 1986, ano em que estava prevista a inauguração, as notícias eram desanimadoras. Sem recursos, a obra foi paralisada. A informação da época é de que a Caixa Econômica Federal não liberou o financiamento ao Governo. “Dessa forma, o hospital que seria entregue nos próximos meses não possui sequer previsão de término”, dizia reportagem do jornal O Dia de janeiro daquele ano.
O antigo Hospital Central teria cinco blocos com capacidade de 450 leitos, berçário para 30 bebês, 120 quartos-apartamentos, quatro centros cirúrgicos, salas de parto e raio-x, além de um laboratório de análises clínicas em uma área total de 10 mil m².

Novo Hospital Central
A construção do Hospital Central ficou paralisada por 34 anos, mas foi retomada e reformulada pelo Governo do Estado. No novo projeto, a estrutura hospitalar foi ampliada em 23 mil m², totalizando 32 mil m² de área construída. Em sua capacidade máxima, a unidade contará com 180 enfermarias, 11 isolamentos, 96 leitos intensivos e 10 salas cirúrgicas.
O hospital vai ofertar 15 especialidades médicas, como cirurgia vascular, cardiovascular, neurocirurgia, urologia, cirurgia geral pediátrica, cirurgia geral e aparelho digestivo, ginecologia, mastologia e cirurgia plástica reparadora.
O Hospital Central vai ofertar 100% dos serviços pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente a obra está 98% concluída e tem previsão de entrar em operação no mês de setembro.
























