A notícia na mídia precisa ser reverberada até que a população saia do marasmo e que as autoridades competentes comecem a agir de verdade. 2025 supera ano passado em número de feminicídios em Mato Grosso. E o Governo Zero, o que faz? O governador Mauro Mendes faz o que sabe fazer de melhor: exime-se da responsabilidade pela situação. A culpa é sempre dos outros, fácil assim.
Não basta dizer que os feminicídios são apurados, mesmo porque a matança de mulheres tem autoria conhecida, de fácil apuração. Na sua maior parte os assassinos são maridos, namorados, parceiros, homens movidos pela ignorância de uma cultura machista enraizada em Mato Grosso. Quem planta machismo, colhe cadáveres de mulheres assassinadas.
Mato Grosso registrou, essa semana, o 49º feminicídio do ano. O número supera 2024 e é o maior desde 2020, quando 62 mulheres foram assassinadas no Estado. Observatório Caliandra, do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) mostra que junho foi o mais violento do ano, com 10 assassinatos. Esses são os números da matança. O número do governo inoperante é zero. Governo Zero que tolera essa escalada de matança sem liderar ou propor qualquer nova ação que possa reverter esse quadro terrível. Vídeos que clamam o “até quando” a cada mulher assassinada em Mato Grosso deveriam ser dirigidos ao senhor governador. “Até quando, Mauro Mendes?”
Vale lembrar. O governo Mauro Mendes barrou a criação da CPI do Feminicídio na Assembleia Legislativa. Ou seja, barrou a apuração de responsabilidades e barrou uma discussão pública que poderia abrir caminhos para reverter esse quadro vergonhoso para Mato Grosso. O buraco da CPI não realizada é um abismo político. Quem, afinal, vai proteger a vida de mães, esposas, filhas, netas, irmãs, as mulheres vítimas de homens agressores, violentos e ignorantes?
Além de ter barrado a criação da CPI, o governo trata a questão como um assunto apenas de segurança pública. Não é. É uma questão social, da falta de políticas públicas que amparem e protejam mais e melhor as mulheres. É uma questão cultural, é preciso educar os jovens sobre os direitos das mulheres, que não são propriedade de homem nenhum.
* Pedro Pinto de Oliveira é jornalista e professor da UFMT. Mestre em Ciências da Comunicação pela USP e doutor em Comunicação pela UFMG.





















