O novo documentário Pantanal, da Environmental Justice Foundation, foi um dos documentários indicados ao mais prestigiado prêmio dos filmes de natureza — o Wildscreen Panda Awards, popularmente conhecido como “Oscar Verde” do cinema ambiental.
O filme, produzido pela equipe audiovisual da Environmental Justice Foundation (EJF), foi indicado na categoria “Impacto”. A obra revela as paisagens deslumbrantes e a importância ecológica do Pantanal — a maior planície tropical alagável do planeta, com mais de 17 milhões de hectares. Ainda pouco conhecido pela comunidade internacional e, muitas vezes, até mesmo pelos próprios brasileiros, o bioma é apresentado em toda a sua vastidão e riqueza. O documentário destaca o Pantanal como lar de diversos povos indígenas e comunidades tradicionais, além de abrigar uma fauna rara e ameaçada, incluindo espécies que não existem em nenhuma outra parte do mundo.
Mas grandes incêndios e o desmatamento acentuado sobretudo na Bacia do Alto Paraguai ameaçam o Pantanal. Em 2020, um terço do bioma foi queimado, cerca de 17 milhões de animais vertebrados selvagens morreram queimados e as emissões de carbono resultantes dos incêndios foram maiores do que as emissões de toda a Bélgica naquele mesmo ano. Os dados divulgados no mês passado pelo governo brasileiro, mostram que o bioma sofreu mais danos por fogo do que qualquer outro ecossistema do país.
Pantanal, da EJF, documenta essas ameaças ao mesmo tempo em que celebra a biodiversidade incomparável do bioma, seu papel crucial na regulação climática, as vidas dos povos indígenas e comunidades locais que o habitam. Narrado por meio da jornada de dois defensores ambientais, o filme mescla uma cinematografia belíssima com reflexões de cientistas, lideranças indígenas e ativistas — e serve como um alerta urgente e um convite para que todos se unam na defesa de um dos últimos lugares verdadeiramente selvagens do planeta.

Ao abordar a riqueza, fragilidade e ameaças a este bioma, o filme posiciona o Pantanal no centro da indústria cinematográfica documental. Na categoria de impacto, o filme concorre ao prêmio com outras duas grandes produções, incluindo o documentário Oceanos, com David Attenborough. A cerimônia de premiação acontecerá no dia 22 de outubro, em Bristol, na Inglaterra.
Para Luciana Leite, uma das ambientalistas retratadas no filme e Chief Representative da EJF no Brasil, a indicação de Pantanal a um prêmio tão prestigiado reforça a importância global do ecossistema e o dever compartilhado de protegê-lo:
“Desde a primeira vez que estive no Pantanal, acreditava que, se as pessoas ao menos soubessem o que estava acontecendo, a história seria diferente. Fui ao Pantanal para comemorar meu aniversário de casamento, há cinco anos, e me deparei, horrorizada, com incêndios devastadores e sem precedentes. Passei meus dias resgatando animais e tentando alertar o mundo sobre a tragédia que se desdobrava — e, ao mesmo tempo, sobre como esse lugar é especial. Esses dias inesperados no Pantanal trouxeram um novo propósito à minha vida, e sigo aqui até hoje.”
Steve Trent, CEO e fundador da Environmental Justice Foundation, afirmou: “Estou muito feliz e honrado com a indicação do nosso filme, ao lado de produções incríveis, para este prêmio tão importante. E, para além disso, fico feliz por saber que este é exatamente o lugar onde o Pantanal deveria estar: sob os holofotes do mundo, ganhando visibilidade por sua beleza, sua biodiversidade e a necessidade urgente de protegê-lo antes que desapareça. Na EJF, usamos o cinema há mais de duas décadas para documentar crimes ambientais e abusos de direitos humanos, gerando provas irrefutáveis que fundamentam nossa atuação em defesa do planeta.”
“Tenho certeza de que, ao assistir ao filme, você vai sentir o mesmo que senti da primeira vez — e em todas as vezes desde então: uma mistura de encantamento e urgência em proteger um dos lugares selvagens mais preciosos e vulneráveis do planeta. O filme é, de fato, muito especial — e difícil de esquecer.”