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Reminiscências democráticas

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As manifestações de 21 de setembro contra a PEC da Blindagem, renomeada PEC da Bandidagem, reunindo algumas centenas de milhares de pessoas por esse país afora, me lembraram outros grandiosos protestos populares em defesa da democracia durante a ditadura militar, sob a qual minha geração viveu sua puberdade, adolescência, juventude e uns bons anos de vida profissional.

Da Passeata dos 100 mil, em junho 1968, no Rio de Janeiro, (quando eu ainda usava calça curta e distribuía tipos móveis em duas caixas, alta para letras maiúsculas e baixa para minúsculas, em uma rústica tipografia rio-novense “para aprender uma profissão”), aos comícios das Diretas Já!, entre 1983 e 1984. Desta vez, em Cuiabá, como repórter recém-formado.

O protesto de 1968, entre a Cinelândia e a Candelária carioca, foi o ápice das manifestações contra o Golpe de 1964 e a eclosão da revolta pelo assassinato à queima roupa, três meses antes, do estudante secundarista Edson Luiz, 18 anos, no restaurante Calabouço, quando protestava contra o aumento do bandejão. Simultaneamente, greves de trabalhadores pipocaram pelo país, com destaque para os metalúrgicos de Osasco (SP) e Contagem (MG). Em dezembro, com a edição do AI-5, a repressão foi escancarada e uma “Paz de Cemitério”, instaurada. Durou quase uma década.

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Até o movimento estudantil e as greves operárias ressurgirem. Primeiro em 1978, após a denúncia de manipulação da inflação, lesando os metalúrgicos em 34,1%, e continuaram, mesmo consideradas ilegais, depois da posse do ditador-general João Figueiredo (avô de Paulo Figueiredo, autointitulado um dos instigadores do atual tarifaço norte-americano contra o Brasil), chegando a paralisar 300 mil braços em 1980.

Em 1983, vieram os comícios das Diretas Já! No mesmo mês em que o então deputado Dante de Oliveira (1952-2006) conseguiu 199 assinaturas para sua emenda, realizou-se o primeiro comício (em Abreu e Lima, região metropolitana de Recife), com apenas 100 pessoas. (Cheguei a entrevistá-lo sobre o assunto, neste mesmo ano, para a Revista Contato, daqui de Cuiabá). Apesar dos tropeços dos primeiros quatro comícios, com um máximo de público de 15 mil pessoas, em novembro, em São Paulo; no ano seguinte a história mudou. Começou com 40 mil, em Curitiba, no mês de janeiro; 400 mil em Belo Horizonte, no mês de fevereiro; 1 milhão na Candelária, Rio de Janeiro, em 10 de abril; e 1,5 milhão de pessoas seis dias depois no Vale do Anhangabaú, em São Paulo. Aqui em Cuiabá, cuja população na época era pouco mais de 200 mil habitantes, o público foi 15 mil pessoas. Apesar de derrotada no Congresso Nacional, decretou, enfim, o fim da ditadura militar em 1985.

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Caso o leitor estranhe: ignorei as manifestações culminadas no impeachment de Dilma Rousseff, porque não se lutava pela democracia, mas sim, e exclusivamente, para derrubar um governo legítimo, que teimou em ser popular. Até!

Jairo Pitolé Sant’Ana é jornalista

* A opinião do articulista não reflete necessariamente a opinião do PNB Online

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