
A Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat), seção sindical do Andes-SN, divulgou nota pública nesta quinta-feira (31.07) em que acusa o prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL), de censura e de violar a liberdade acadêmica e de expressão. O motivo foi a interrupção da professora Maria Inês da Silva Barbosa durante sua fala na 15ª Conferência Municipal de Saúde, realizada ontem (30.07), após ela utilizar a linguagem inclusiva em sua saudação ao público.
Maria Inês, que é mestre em Serviço Social e doutora em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo (USP), foi convidada como conferencista para o debate “Consolidar o SUS: Com a Força do Povo, Participação Social e Políticas Públicas”. Durante sua introdução, a professora se dirigiu à plateia com pronomes neutros, o que provocou uma reação imediata do prefeito.
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Em nota, a Adufmat afirmou que a postura de Brunini representa uma tentativa de censura e classificou a intervenção como truculenta e LGBTQIA+fóbica. O sindicato também criticou a nota oficial emitida pela Prefeitura, que, segundo a entidade, reafirma o cerceamento da liberdade de expressão “sob o pretexto de defesa da neutralidade ideológica”.
“A imposição de uma suposta ‘neutralidade’ é, na verdade, censura”, diz o texto, que cobra respeito à docente e aos defensores do Sistema Único de Saúde (SUS) e da universidade pública.
A conferência foi organizada pelo Conselho Municipal de Saúde, órgão independente da prefeitura. Além de Maria Inês, o evento contou com a presença do deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), ex-ministro do Desenvolvimento Social na gestão Michel Temer e conhecido por declarações negacionistas durante a pandemia de Covid-19.
Confira a nota na íntegra:
A ADUFMAT – Seção Sindical do ANDES-SN manifesta seu mais firme repúdio à truculência do prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL), que, em uma tentativa de censura e de violação da liberdade acadêmica e de expressão, tentou constranger a professora Maria Inês da Silva Barbosa, docente do ISC, durante a 15ª Conferência Municipal de Saúde, realizada em 30 de julho de 2025.
A professora Maria Inês é referência nacional em Saúde Pública e estava como conferencista do evento, quando foi interrompida pelo prefeito em razão do uso de linguagem inclusiva na saudação ao público. A professora Maria Inês, de modo firme, e sem se dobrar à intervenção anti-democrática e LGBTQIA+fóbica do prefeito, defendeu sua fala e se retirou do espaço.
Repudiamos também a nota oficial emitida pela Prefeitura de Cuiabá, que, longe de corrigir o abuso de autoridade do prefeito, reafirma o cerceamento à liberdade de expressão e à liberdade científica de uma professora negra, sob o pretexto de defesa da “neutralidade ideológica”. A imposição de uma suposta “neutralidade” é, na verdade, censura.
Exigimos respeito à professora Maria Inês, a todas, todes e todos que lutam pela Saúde Pública, pelo SUS e em defesa da Universidade Pública!