O vice-governador de Mato Grosso, Otaviano Pivetta (Republicanos), foi o autor da denúncia que expôs um suposto esquema de irregularidades na contratação e pagamento de kits de ferramentas manuais pela Secretaria de Agricultura Familiar (Seaf) de Mato Grosso.
O caso, que envolve 14 deputados estaduais citados em documentos anexos, foi registrado oficialmente no Sistema Fale Cidadão sob o número 396779 e está sob investigação da Controladoria Geral do Estado (CGE).
A denúncia, enviada via WhatsApp no dia 3 de julho de 2024, foi encaminhada ao secretário controlador-geral, Paulo Farias Nazareth Netto, que determinou a abertura de procedimentos para apurar as suspeitas. Em ofício (C1 nº 00617/2024/GSCGE/CGE), Farias confirmou a autoria de Otaviano Pivetta e destacou que o vice-governador optou por não manter seu anonimato.
Entre os anexos da denúncia estão documentos intitulados “Emenda Parlamentar 2024 – Pagamento Kit Agricultura”, que mencionam pagamentos suspeitos vinculados a deputados.
As mensagens trocadas entre Otaviano Pivetta e Farias, também divulgadas, mostram que o vice-governador enviou arquivos com detalhes das transações e questionou: “Agora dá pra ver porque não quiseram o Joelson lá”, diz trecho de uma mensagem enviada pelo governador.
A CGE ressaltou que o caso segue os trâmites previstos no Plano de Respostas a Incidentes de Desvio de Conduta, Fraude e Corrupção do órgão, com base na Instrução Normativa nº 01/2024. A legislação assegura proteção aos denunciantes, mas Otaviano Pivetta autorizou a divulgação de sua identidade.
ALMT convocou controlador-geral
Na última quarta-feira (18.06), a ALMT aprovou a convocação do controlador-geral do Estado, Paulo Farias Nazareth Neto, para prestar esclarecimentos sobre o relatório que originou a Operação Suserano, da Polícia Civil. A votação foi simbólica e ocorreu logo após a leitura do pedido pelo presidente da Casa, deputado Max Russi (PSB).
“Quero deixar claro que não é um convite, como essa Casa costuma fazer de forma amigável aos secretários de Estado. Essa é uma convocação, porque tem muita coisa a ser explicada”, afirmou Max.
Segundo o presidente da Assembleia, o relatório elaborado pela Controladoria-Geral do Estado (CGE) teria extrapolado suas atribuições ao incluir vídeos e fotos de parlamentares em eventos políticos. Para ele, o material deveria ter sido encaminhado ao Ministério Público, especificamente ao Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco), responsável por apurar possíveis ilícitos cometidos por autoridades com foro privilegiado.
“É lamentável que isso venha de um órgão que tinha muito respeito, se prestar a um trabalho como esse”, criticou Max. Ele também classificou como “inverdades” parte das informações divulgadas.
O que diz Otaviano Pivetta
A reportagem do PNB Online procurou o vice-governador, Otaviano Pivetta. Após a publicação da reportagem, o vice-governador enviou nota na qual afirma que cumpriu seu dever institucional ao realizar a denúncia.
O vice-governador Otaviano Pivetta informa que cumpriu seu dever institucional. Recebeu o documento e o encaminhou à Controladoria-Geral do Estado (CGE), órgão responsável por zelar pelo uso correto do dinheiro público. Comunicar à CGE é um procedimento administrativo, não uma ação de investigação ou julgamento.
