O coordenador da Unidade Básica de Saúde (UBS) do Parque Atalaia, Thyago Munhoz, usou as redes sociais para relatar um episódio de violência que sofreu durante o trabalho e para denunciar as condições precárias enfrentadas pelos servidores da saúde pública em Cuiabá. Em um desabafo emocionado, publicado na terça-feira (15/04), Munhoz contou que foi agredido fisicamente por um paciente após tentar mediar um conflito que envolveu ainda uma médica e uma recepcionista da unidade.
O caso ocorreu quando um homem chegou à UBS para uma consulta agendada e, ao ser atendido pela médica, exigiu a liberação de exames que não haviam sido solicitados previamente. A profissional orientou que ele retornasse à recepção para imprimir os documentos, mas o paciente, insatisfeito, começou a gritar com a recepcionista. Ao intervir, Munhoz foi xingado, teve os exames amassados e jogados em seu rosto e, ao se abaixar para pegá-los, levou um tapa no rosto.
“Doeu na alma”
Em seu relato, Munhoz destacou que a agressão física foi apenas o ápice de uma série de humilhações enfrentadas pelos servidores. “Um tapa que doeu na alma, não foi uma dor física. Porque esse tipo de situação era só o que faltava, entre tantas outras humilhações verbais que o servidor público vem sofrendo”, desabafou. Ele registrou boletim de ocorrência e fez exame de corpo de delito.
O coordenador também criticou o desmonte estrutural e a falta de recursos humanos na saúde pública de Cuiabá, afirmando que os profissionais estão “cansados, humilhados, desgastados e agora agredidos”. Ele mencionou ainda os esforços extras dos servidores, como usar dinheiro do próprio bolso para cobrir despesas da unidade ou transportar pacientes em seus carros particulares.
Crise na saúde mental dos trabalhadores
Munhoz alertou para o adoecimento mental dos profissionais da área, muitos dos quais estão afastados com atestados psiquiátricos devido ao estresse e à sobrecarga. “Um cidadão que vai a uma unidade de saúde e mete a mão na cara de um profissional também está com a saúde mental negligenciada”, refletiu.
O caso reacende o debate sobre a violência contra servidores públicos e a necessidade de políticas de proteção e valorização desses trabalhadores.
“Não vou deixar quieto”
Munhoz encerrou seu desabafo com um apelo: “Sei que muitos colegas estão na mesma situação, mas poucos têm coragem de falar. Eu não vou deixar quieto”. O relato viralizou nas redes sociais, recebendo mensagens de apoio de outros profissionais que compartilham das mesmas dificuldades.
O que diz a Prefeitura de Cuiabá
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que repudia qualquer forma de violência.
NOTA À IMPRENSA
A Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá (SMS) informa que, nesta semana, foi registrada uma situação de violência na Unidade Básica de Saúde do bairro Parque Atalaia.
Conforme relato da vítima, o gerente da unidade, a agressão ocorreu quando ele tentou intervir em um desentendimento entre um paciente e a médica da unidade. Na tentativa de acalmar os ânimos e resolver o impasse de forma pacífica, o servidor acabou sendo agredido com um tapa no rosto pelo paciente, que se encontrava bastante alterado.
Um boletim de ocorrência foi devidamente registrado, e a SMS reforça que acompanhará o caso de perto, em conjunto com as autoridades competentes, para que todas as providências legais sejam tomadas.
A Secretaria repudia qualquer forma de violência contra os profissionais de saúde e reitera seu compromisso com a segurança dos servidores e com o atendimento digno à população.
