A vereadora Baixinha Giraldelli (Solidariedade), aliada do prefeito Abilio Brunini (PL), usou o plenário da Câmara de Cuiabá nesta terça-feira (16.09) para criticar veículos de imprensa que divulgaram seu voto contra o projeto de lei do vereador Dídimo Vovô (PSB), que visava facilitar exames de câncer de mama em Cuiabá.
O texto foi aprovado pela Câmara e depois vetado por Abilio, que conseguiu convencer vereadores a manterem seu veto. Giraldelli foi uma das parlamentares que votou com o prefeito. As vereadoras da Câmara de Cuiabá foram alvo de diversas críticas por votarem a favor do veto do prefeito.
“Quer enganar quem? Vocês políticos que já passaram nessa Casa, já sentaram nessa cadeira, foi vereadora, sabe que um vereador não pode fazer lei”, afirmou. “Até pode, pode mandar para o prefeito uma sugestão, porque se eu pudesse fazer lei eu já tinha feito lei, para ter ônibus para velório”, declarou a parlamentar.
A produção de leis no âmbito municipal é uma das principais prerrogativas de um vereador. O próprio nome do parlamento, Poder Legislativo, diz respeito exatamente à produção de leis.
Baixinha utilizou informações publicadas pelo PNB Online sobre a fila de exames de câncer de mama em Cuiabá. A reportagem mostrou que o projeto vetado por Abilio, cujo veto foi mantido por vereadores, poderia beneficiar cerca de 9 mil mulheres na capital mato-grossense.
“Falar que esta casa é uma casa de horrores, eu não vou admitir mentira com meu nome, pode fazer a sua política mas fala a verdade”, afirmou. “A prefeitura fez um convênio com a Imedi no dia 15 de julho de 2025 para fazer a ressonância, fora isso, a partir do dia 1 de outubro vai ter também um aparelho no São Benedito. O que está parado? Mamografia, desde o ano de 2024, não é de agora não”, afirmou Baixinha.
Na verdade, ao contrário do que afirmou a vereadora, a Prefeitura de Cuiabá não possui contrato com a Imedi para realizar ressonância magnética da mama, cujo diagnóstico é mais preciso para mulheres com mamas densas. O exame foi objeto do projeto de lei do vereador Dídimo Vovô.
O único lugar em Mato Grosso com procedimento de ressonância magnética realizado pelo Sistema único de Saúde (SUS) é o município de Juína, que realizou 10 exames do tipo em 2025, de acordo com dados do Datasus. Em Cuiabá, o procedimento não aparece na lista de exames disponíveis ou já realizados.
No início deste ano, o Governo Federal incluiu o exame na lista de procedimentos previstos para o SUS. O procedimento havia sido excluído por portaria em 2016. O exame entrou novamente no rol de procedimentos através da Portaria SAES/MS Nº 2.632, de 6 de Março de 2025, que prevê o valor de R$ 268,75 na tabela SUS.
Em 2023, a cidade de Cuiabá registrou 2.185 casos de câncer de mama, correspondendo a 34,7% de todos os casos no estado de Mato Grosso, que somaram 6.304 em 2023. Isso indica uma alta concentração da incidência da doença na capital, com a faixa etária mais afetada em Cuiabá sendo a partir dos 40 anos.