
O Ibama identificou R$ 25 milhões em crédito rural concedido a fazendas com registro de desmatamento ilegal em Mato Grosso e no Pará. A operação, batizada de Caixa-Forte 2, apura o envolvimento de grandes bancos públicos e privados, como Banco do Brasil, Banco da Amazônia e Banco do Nordeste, no financiamento de atividades em áreas embargadas.
Segundo informações divulgadas pela Folha de S.Paulo, a nova fase da ação resultou em 19 autos de infração e R$ 11,4 milhões em multas aplicadas a instituições financeiras. O Ibama apontou 98 operações suspeitas de irregularidade em concessões de crédito rural.
Em nota, o Banco do Brasil afirmou que cumpre “todas as regras previstas pela legislação” e que mantém “processos robustos de verificação socioambiental da carteira”. Segundo o banco, apenas em 2024 foram evitados R$ 12,8 bilhões em financiamentos para áreas não alinhadas às diretrizes ambientais da instituição. Os demais bancos citados não se manifestaram.
A operação teve como base o cruzamento de imagens de satélite, registros fundiários, dados de crédito rural e informações sobre áreas embargadas por desmatamento.
Primeira fase mirou o Cerrado
A primeira fase da Operação Caixa-Forte, deflagrada em março, concentrou-se em propriedades do Cerrado, especialmente nos estados do Maranhão, Tocantins e Piauí. Na ocasião, o Ibama aplicou R$ 3,6 milhões em multas a três bancos que financiaram sete fazendas embargadas por desmatamento ilegal, totalizando 240 hectares de áreas devastadas.
De acordo com o órgão ambiental, as instituições violaram o Manual de Crédito Rural, que proíbe empréstimos a produtores com áreas embargadas. Além de sanções aplicadas pelo Ibama, os bancos também podem ser punidos pelo Banco Central por descumprimento das normas financeiras.
O Ibama destacou ainda que o Cerrado, embora tenha registrado redução de 25% no desmatamento em 2024, continua sob pressão da expansão da soja e da pecuária, sobretudo na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), responsável por quase metade da vegetação suprimida no bioma no último ano.
Fiscalização contínua
As duas etapas da operação integram o Plano de Ação para Controle do Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, que prevê ações conjuntas de fiscalização e bloqueio de financiamentos ilegais em biomas prioritários.
O Ibama informou que novas fases da operação devem ser realizadas ainda neste ano, ampliando o monitoramento sobre o uso irregular de crédito rural em áreas embargadas da Amazônia e do Cerrado.






















