Pacientes da rede pública de saúde de Cuiabá enfrentam a falta de medicamentos essenciais e insumos básicos em postos de saúde e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). A situação, que já se arrasta há semanas, prejudica principalmente crianças com infecções respiratórias e adultos em tratamento de saúde mental.
Segundo servidores ouvidos pela reportagem, o problema começou depois que o atual prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), encerrou a participação do município no Consórcio Intermunicipal de Saúde Vale do Rio Cuiabá (Cirvasc), que barateava e facilitava as aquisições, uma vez que a gestão anterior deixou dívidas com empresas fornecedoras.
Em janeiro deste ano, Abilio anunciou que trocaria o Cirvasc para fazer parceria apenas com prefeituras comandadas por prefeitos do Partido Liberal, o seu partido.
Falta medicamentos para crianças
Profissionais de saúde relatam que não há receituários azuis disponíveis para a prescrição de medicamentos controlados, como os usados por pacientes psiquiátricos. Como consequência, muitos estão sem acesso a seus tratamentos, agravando quadros de ansiedade, depressão e outros transtornos.
Pais de crianças com infecções respiratórias também enfrentam dificuldades. Faltam amoxicilina suspensão e azitromicina suspensão, antibióticos comuns para tratar essas condições. Além disso, não há medicamentos para inalação, como o Brometo de Ipratrópio (Atrovent) e o Clenil A (Beclometasona) em flaconete, ambos utilizados no tratamento de crises de asma e bronquite.
Unidades de saúde também estão sem abocath 24 (cateter infantil), equipos de dupla via, torneirinhas e até luvas de procedimento, o que dificulta a realização de procedimentos simples, como punções venosas em crianças.
Na UPA Leblon, a situação é ainda mais crítica. Profissionais solicitam com urgência medicamentos como Cilostazol, Clonidina, Hidralazina, além de injetáveis como Cefepima, Clindamicina e Enoxaparina. A falta de soro glicosado e antifúngicos, como o Fluconazol, também preocupa.
O que diz a Prefeitura de Cuiabá
A assessoria da Prefeitura de Cuiabá foi procurada para explicar a falta de medicamentos, no entanto, até a publicação desta reportagem não se posicionou sobre o assunto. O espaço segue aberto para manifestações.