Em entrevista à jornalista Michely Figueiredo e ao jornalista Antero Paes de Barros, na Rádio Cultura, nesta última terça-feira (06), o presidente do PL em Mato Grosso, Ananias Filho, revelou o total desagrado dos bolsonaristas com o governador Mauro Mendes (União). O que gerou o repúdio da extrema-direita bolsonarista ao governador: Mendes afirmou que não viu nenhum problema no fato do ex-presidente Jair Bolsonaro ter sido intimado pela Justiça dentro da UTI onde ele estava internado.
O governador Mauro Mendes deu a sua opinião em acordo com a realidade dos fatos: Bolsonaro transformou a UTI num palanque midiático. Desrespeitou por completo aquele espaço de tratamento médico, fazendo lives; dando entrevistas para a televisão e organizando reuniões com aliados. Em óbvio, se Bolsonaro estava dentro de uma UTI fazendo tudo isso é claro que poderia receber a breve visita de um oficial de justiça para intimá-lo.
A opinião de Mauro Mendes baseada nos fatos concretos causou repulsa entre os bolsonaristas, segundo desabafou o presidente regional do PL. Ananias Filho explicou que Mauro Mendes poderia até ter essa opinião contrária aos interesses de Bolsonaro, mas não deveria externá-la. Ou seja, para os bolsonaristas, Mauro Mendes “pode pensar” algo que contrarie os interesses de Bolsonaro, mas não pode “jamais falar” publicamente.
“Somos contra qualquer opinião que não seja opinião a favor do presidente Bolsonaro”, disse Ananias, resumindo a lógica bolsonarista da proibição da expressão do pensamento crítico. Quem quer o apoio de Jair Bolsonaro precisa ficar de quatro e dizer amém a qualquer coisa que o ex-presidente faça ou fale. É proibido ter opinião contrária. É absurdamente simples assim. Às favas com os escrúpulos, o que importa para a extrema-direita bolsonarista é a sincera narrativa da mentira.
Em tempo: por falar em fatos concretos, de outro lado o governador Mauro Mendes voltou a defender a lógica torta de pagamento de emendas dos deputados estaduais de acordo com a cara do freguês. Para os deputados alinhados, a emenda é paga a jato, para os deputados da oposição a emenda é paga a passo de cágado.
Mendes insiste em dizer que esse é o ônus do parlamentar ser de oposição ao seu governo. Neste caso, esta posição é claramente contrária aos interesses da população. A urgência do interesse público da emenda é simplesmente jogada no lixo. O gesto prioritário do governo é punir o parlamentar oposicionista com o pagamento da emenda a passo de cágado.
Quem é punido, na verdade, é o cidadão que precisa dos serviços públicos. Fazer guerra política com dinheiro público é o começo do fim de qualquer governo.