A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) protagonizaram, recentemente, um embate público, por meio das redes sociais, sobre uma medida de fiscalização do Pix anunciada pelo governo que esquentou o debate em torno de uma suposta taxação da ferramenta.
O embate entre as duas figuras públicas começou com um vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) criticando a fiscalização do Pix que atingiu a marca de 300 milhões de visualizações no Instagram poucas horas após a publicação.
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O contraponto ficou a cargo da deputada federal que utilizou dos mesmos recursos que Nikolas. O aspecto visual e sonoro é o mesmo, a Erika Hilton está sentada em um banco, em um fundo escuro. Ao longo da gravação, músicas de tensão, imagens e notícias aparecem para contextualizar o que é falado.
O que diferencia os dois vídeos, além do fato de que a deputada escolheu uma roupa inteira branca, enquanto o deputado está inteiro de preto, é que Hilton defende a medida do governo e Nikolas acusa o mesmo governo de prejudicar a população mais pobre com a decisão.
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A pedido do PNB Online, o publicitário Fred Parma, diretor da ZF, e um dos melhores profissionais do mercado no país, fez uma análise do embate viral entre duas figuras públicas da política, uma da extrema direita e outra da esquerda democrática sobre a questão do Pix. Confira a análise do publicitário:
Primeiro: não há nenhum tipo de convenção ou regra para que vídeos sejam sintéticos e com pouco tempo de duração.
Lembra aquele ditado que “você precisa chamar a atenção da sua história nos três primeiros segundos”? É isso. Seja curto ou longo, o que chamará a audiência é o gatilho inicial utilizado.
Aqui, temos como gatilho do Nikolas um assunto polêmico que estava sendo tratado diuturnamente na mídia de massa e redes sociais, onde ele abre já dizendo “o governo quer saber como você ganha 5mil e paga 10mil de cartão mas não quer saber como uma pessoa com um salário mínimo faz para sobreviver.”
De cara, ele já abre uma identificação direta com a maioria da população antes de uma narrativa de construção que mostra descrédito entre o que o Governo Federal fala e o que faz – um prato cheio para os simpatizantes da direita/conservadorismo e que possui uma organização digital bastante robusta, atuante e engajada.
Lançado em 14 de janeiro, o vídeo alcançou mais de 326 milhões de visualizações, boa parte dela gerada após repercussão do vídeo nas mídias abertas – aparentemente até com um certo apoio de assessoria de imprensa.
Em resposta ao vídeo de Nikolas, no dia 18 Erika utilizou a mesma dinâmica para fazer o seu contraponto do assunto, que ainda estava quente, com o seguinte gatilho “estão mentindo para você que trabalha duro todo dia” como a mesma plástica de narrativa.
Érika alcançou 105 milhões de visualizações.
Isso, inclusive, mostra a grande preocupação do Governo Federal em saber se comunicar no ambiente digital, o que já culminou na troca do ministro de Comunicação.
Segundo: os dois se posicionaram como porta-vozes de cada polo político atual.
De um lado Nikolas representando e falando tudo que a direita/conservadorismo quer ouvir e, do outro, Erika representando e falando tudo que a esquerda/progressismo quer ouvir.
Propositalmente ou não, os dois são protagonistas/antagonias constantes em discussões de ponto de vista nas comissões da Câmara Federal, fortalecendo os dois como embaixadores de cada grupo político.
Terceiro: a dinâmica da narrativa com suporte de recorte de notícias dá credibilidade ao texto, o que pode ter “estourado a bolha” da audiência conservadora, atingindo o público em geral.
Também, quando se “estoura a bolha” da audiência usual, o algoritmo reconhece a importância do conteúdo e a entrega para um número maior de usuários.
(Fred Parma, publicitário, diretor da ZF)